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VIAGEM APOSTÓLICA A DO PAPA FRANCISCO
 À TAILÂNDIA E JAPÃO
(19 - 26 DE NOVEMBRO DE 2019)

SANTA MISSA COM OS JOVENS

HOMILIA DO SANTO PADRE

Catedral da Assunção em Banguecoque
Sexta-feira, 22 de novembro de 2019

[Multimídia]


 

Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que vem! O Evangelho, que acabamos de ouvir, convida a pormo-nos em movimento com o olhar fixo no futuro, para nos encontrarmos com o mais belo dom que nos reserva: a vinda definitiva de Cristo à nossa vida e ao nosso mundo. Demos-Lhe as boas-vindas ao nosso meio, com imensa alegria e amor como só vós, jovens, sabeis fazer! Sabemos que, antes de sairmos à sua procura, já o Senhor nos procurava; vem ao nosso encontro e chama-nos a partir da história que é necessário construir, criar, inventar. Vamos com alegria, porque sabemos que Ele nos espera lá.

O Senhor sabe que através de vós, jovens, entra o futuro nestas terras e no mundo, e conta convosco para continuar hoje a sua missão (cf. Christus vivit, 174). Assim como Deus tinha um plano para o povo escolhido, também tem um plano para cada um de vós. Ele é o primeiro a sonhar em convidar-nos a todos para um banquete que devemos preparar juntos, Ele e nós, como comunidade: o banquete do seu Reino, do qual ninguém deveria ser excluído.

O Evangelho de hoje fala-nos de dez jovens convidadas a olhar para o futuro e participar na festa do Senhor. O problema é que algumas delas não estavam preparadas para O receber; não porque adormeceram, mas porque lhes faltou o azeite necessário, o combustível interno para manter aceso o fogo do amor. Com grande entusiasmo e motivação, queriam tomar parte na chamada e convocação do Mestre, mas, com o tempo, as forças e os anseios foram-se amortecendo, apagando, e chegaram tarde. É uma parábola daquilo que pode acontecer connosco, os cristãos, quando ouvimos, cheios de entusiasmo e decisão, a chamada do Senhor para tomar parte no seu Reino e partilhar a sua alegria com os outros. Mas com frequência, perante os problemas e obstáculos que muitas vezes são tantos (como cada um de vós bem sabe, no seu coração), perante o sofrimento de pessoas queridas ou a impotência sentida face a situações que parecem impossíveis de ser alteradas, então a desconfiança e a amargura podem ganhar espaço e infiltrar-se silenciosamente nos nossos sonhos, fazendo com que se resfrie o coração, percamos a alegria, e cheguemos tarde.

Por isso, gostaria de vos perguntar: Quereis manter vivo o fogo que vos pode iluminar no meio da noite e no meio das dificuldades? Quereis preparar-vos para responder à chamada do Senhor? Quereis estar prontos para cumprir a sua vontade?

Como obter o azeite que possa manter-vos em movimento e encorajar-vos a buscar o Senhor em todas as situações?

Sois herdeiros duma magnífica história de evangelização, que vos foi transmitida como um tesouro sagrado. Esta bela Catedral é testemunha da fé em Jesus Cristo que tiveram os vossos antepassados: a sua fidelidade, profundamente arraigada, impeliu-os a cumprir boas obras, a construir o outro templo ainda mais esplêndido, composto de pedras vivas para poder levar o amor misericordioso de Deus às a todas as pessoas do seu tempo. E conseguiram fazê-lo, porque estavam convencidos daquilo que o profeta Oseias diz na primeira Leitura de hoje: Deus falara-lhes com ternura, abraçara-os com um amor forte, para sempre (cf. Os 2, 16.21-22).

Queridos amigos, para que o fogo do Espírito Santo não se apague e possais manter despertos o olhar e o coração, é necessário estar arraigados na fé dos mais velhos: pais, avós, professores. Não para ficar prisioneiros do passado, mas para aprender a ter a mesma coragem, capaz de nos ajudar a responder às novas situações históricas. A vida deles resistiu a muitas provações e sofrimentos. Mas descobriram, ao longo do caminho, que o segredo dum coração feliz é a segurança que encontramos quando estamos ancorados, enraizados em Jesus: na sua vida, nas suas palavras, na sua morte e ressurreição.

«Já me aconteceu ver árvores jovens, belas, que elevavam seus ramos sempre mais alto para o céu; pareciam uma canção de esperança. Mais tarde, depois duma tempestade, encontrei-as caídas, sem vida. Estenderam os seus ramos sem se enraizar bem na terra e, por ter poucas raízes, sucumbiram aos assaltos da natureza. Por isso, custa-me ver que alguns propõem aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse agora. Com efeito, é impossível uma pessoa crescer, se não possui raízes fortes que a ajudem a estar firme de pé e agarrada à terra. [Moços e moças, é muito] fácil extraviar-se, quando não temos onde agarrar-nos, onde firmar-nos» (Christus vivit, 179).

Sem este sentido forte de enraizamento, podemos ficar perplexos com as «vozes» deste mundo que reclamam a nossa atenção. Muitas delas são atraentes, propostas bem confecionadas, que inicialmente parecem bonitas e intensas, mas, com o passar do tempo, acabam por deixar apenas o vazio, o cansaço, a solidão e a frustração (cf. ibid., 277), e vão apagando aquela centelha de vida que um dia o Senhor acendeu em cada um de nós.

Queridos jovens, sois uma nova geração, com novas esperanças, sonhos e interrogativos; seguramente também com algumas dúvidas, mas, enraizados em Cristo, convido-vos a manter viva a alegria e a não ter medo de olhar para o futuro com confiança. Arraigados em Cristo, olhai com alegria, olhai com e confiança. Esta condição nasce da certeza de se saber procurado, encontrado e amado infinitamente pelo Senhor. A amizade cultivada com Jesus é o azeite necessário para iluminar o caminho; não só o vosso caminho, mas também o de todas as pessoas que vos rodeiam: amigos, vizinhos, colegas de estudo e trabalho, mesmo o caminho de quantos estão em total desacordo convosco.

Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que vem! Não tenhais medo do futuro nem vos deixeis aviltar; pelo contrário, sabei que lá no futuro está à vossa espera o Senhor para preparar e celebrar a festa do seu Reino.

 


Agradecimento do Santo Padre no final da Eucaristia com os jovens

No final desta celebração, quero agradecer a todos aqueles que tornaram possível a minha visita à Tailândia e a quantos colaboraram na realização.

Renovo a expressão da minha gratidão a Sua Majestade o Rei Rama X, ao Governo e demais Autoridades do país pela sua primorosa hospitalidade. De coração agradeço aos meus irmãos Bispos, nomeadamente ao Cardeal Francis Xavier, bem como aos sacerdotes, às religiosas e religiosos, aos fiéis leigos e de modo especial a vós, os jovens!

Um obrigado cordial aos voluntários, que colaboraram com tanta generosidade, e a quantos me acompanharam com as suas orações e sacrifícios, particularmente os doentes e encarcerados.

O Senhor vos recompense com a sua consolação e a paz, que só Ele pode dar. E deixo-vos uma tarefa: não vos esqueçais de rezar por mim. Muito obrigado!

 



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